terça-feira, 6 de novembro de 2018

A Árvore de Jacarandá - Maria de Lourdes Lopes Dias

Na tragédia de Alice, já a esperança é mais difícil, impossível: eis o irreconhecimento de si como desaparecimento de quem se sente aniquilado. O grande Mal do Amor é a sua negação: o amor traído, humilhado, desprezado, espancado, odiado ou detestado, aniquila-se. Quem se deu deixa então de existir, pois que a dádiva de si era a sua própria vida, que outrem recebeu para desfazer. Morrer de amor é uma expressão poética, ninguém morre de amor, menos ainda os que morrem por amor. 

Mas muitos morremos por negação dele. Eis a extrema ignomínia, que tantos sofrem e tantos infligem. Por isso gosto de pensar sentir a vida imaginando que a própria consciência de mim se sustenta em «caminhos da terra florida» e «árvores de jacarandá»: precisamente por ser efémera, a Primavera é promessa. E a promessa faz bater os corações dos homens. Chamam-lhe, então, esperança.

 Maria de Loures Lopes Dias


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