No auge dos anos 60, o jugo salazarista espreme todo o país. As populações do interior sufocam e abraçam o contrabando como forma de enganar a fome, todavia, o proveito residual não chega para alimentar famílias numerosas. A miséria perpetua-se enquanto o garrote da Pátria vai esganando crianças descalças, jovens soldados, homens e mulheres vergados ao peso da enxada. Partir em debandada, a salto, afigura-se como a única saída.
Filhos da Raia relata a extraordinária viagem de dois casais, desde os trilhos do contrabando pelas margens do Douro até Bordéus, numa França onde sopravam ventos de profunda mudança, em pleno Maio de ‘68.
Esta é, sobretudo, uma história de coragem e esperança, que vai encontrando ecos na actualidade: se para os migrantes portugueses a maior provação era a muralha gelada dos Pirenéus, hoje são erigidos muros como obstáculo a outros saltos para a liberdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário