Jostein Gaarder (1952) nasceu em
Oslo, Noruega, estudou línguas e teologia. Lançou seu primeiro livro O pássaro
raro em 1986, mas firmou-se como escritor em 1991 com O mundo de Sofia,
traduzido para 53 línguas. Gaarder era então professor de filosofia do segundo
grau de uma escola local, um dos motivos que o levou a escrever este livro foi
o fato de que não encontrou nas livrarias material didático sobre filosofia que
fosse, sobretudo, acessível para crianças e adolescentes. No Brasil, o livro foi lançado em 1995 pela
editora Companhia das Letras e ganhou uma nova edição neste ano após dezenas de
reimpressões.
O livro começa quando Sofia
Amundsen, em vias de completar 15 anos, recebe pelo correio cartas endereçadas
a ela com perguntas muito estranhas: quem é você? De onde vem o mundo? Assim
começa seu curso de filosofia com um professor chamado Alberto Knox. Ele a
levará em uma viagem pelo mundo da filosofia que vai dos pré-socráticos até os
filósofos atuais. Alberto mostrará a sua aluna as grandes perguntas que os
filósofos vêm fazendo desde o começo da humanidade. Estas perguntas, muitas
delas sem resposta, são capazes de tirar as pessoas de sua realidade cotidiana
e leva-las a refletir sobre como é impressionante e emocionante viver. Ao mesmo tempo em que tem suas aulas, Sofia
recebe cartas que deveria entregar a Hilde Moller Kang, uma garota que nunca
viu e não conhece. Com o desenrolar da história, Sofia percebe que está
envolvida por mistérios muito maiores do que imaginava e que cabe a ela e seu
professor de filosofia tentar responder.
Nesse romance da história da
filosofia, pode-se dizer que Gaarder, conseguiu atingir seu objetivo. O livro é
uma ótima porta de entrada àqueles que procuram um primeiro acesso ao universo
da filosofia. Assim como todos os livros introdutórios escritos por bons
autores, este também incita uma vontade de conhecer que vai além do próprio
livro, o assunto acaba por não se fechar em si mesmo.
No entanto, como apreciadores de
uma contra-história da filosofia, não podemos deixar de comentar a escolha dos
filósofos. Enquanto Sócrates e Platão possuem seus próprios capítulos, os
Cínicos e Epicuristas estão incluídos entre os vários grupos helênicos
considerados “socráticos menores”. Enquanto as ideias de Kant e Hegel são
didaticamente explicadas, as de Schopenhauer e Nietzsche são ignoradas. Por
outro lado, lembremos que a história da filosofia nas academias também passa
fundamentalmente por alguns nomes e ignora alguns outros, o que acaba criando
uma história dominante das ideias que é passada adiante e uma história das
ideias dominada, ou vencida, que fica estagnada. Outra questão é o fato de que
a proposta do livro não poderia aliar a abrangência de ideias da Antiguidade e
do séc. XIX, por exemplo, e continuar acessível. Não pela dificuldade, mas pela
extensão. Notemos que o livro tem mais de quinhentas páginas e, por conta
disso, já é bastante denso. Quem sabe, um dia Gaarder não lance seu romance da
contra-história da filosofia e fale dos Utilitaristas, Materialistas, Libertinos,
Nietzschianos, entre outros.
Enfim, este livro foi muito
importante para nosso primeiro contato com o mundo da filosofia e é
aconselhável para todos aqueles que querem conhecer um pouco mais desse
universo incrível, principalmente se você tem entre 15 a 20 anos. Apesar dos
defeitos que apontamos, as qualidades ainda superam em muito estes defeitos,
ainda mais porque sua principal qualidade é fazer nos apaixonarmos pelas
questões filosóficas, e voltar a nos impressionar com a enorme beleza de
estarmos vivos.
Fonte:
https://razaoinadequada.com/2012/12/23/o-mundo-de-sofia/
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