sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Obra poética - II - Artur do Cruzeiro Seixas

«Artur do Cruzeiro Seixas é agora um homem com o tamanho de cem anos. Cada um dos seus gestos é um século em movimento. Penso nisso em todos os encontros, penso em como os génios sempre independem do tempo e se definem pelo incrível.

Na ansiedade de Cruzeiro Seixas, essa imparável pulsão começadora, nada se exclui. Tantas vezes lhe ouvi o protesto contra qualquer existência estúpida, aquela incapaz do sensível e do criativo, aquela incapaz da humanização que a arte e o conhecimento comportam. Para o grande e genial mestre a vida é uma gula que se revela em todas as formas de maravilha, a partir do fascínio ou do susto, a partir do belo e do que se torna belo em seu genuíno tremendismo.

A elogio da sombra repõe agora os volumes organizados por Isabel Meyrelles e que atónito, há umas décadas, encontrei inéditos na casa do mestre, ainda na carismática casa da Rua da Rosa. Mais adiante, daremos à estampa um quarto volume recolhendo os poemas dispersos. Nesta vasta obra se encontra um surrealismo pleno, a relação mais indomável que ao espírito humano revela sobretudo o que tem de inexplicável e, ainda assim, profundamente necessário.

Uma das figuras maiores do surrealismo do mundo, Artur do Cruzeiro Seixas ergue a poesia como "a boca que olha". Tão feita do improvável quanto de presciência. Graça alquímica. A transcendência dos que foram eleitos para ver.»

Valter Hugo Mãe


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